DIFERENCIANDO SURDOCEGUEIRA DE DMU(Deficiência Múltipla)
Antes de fazermos uma análise sobre a
diferença entre Surdocegueira e Deficiência Múltipla, se faz necessário
compreendermos suas respectivas definições, visto que cada uma apresenta suas
características específicas e necessidades únicas.
Segundo
Maia (2011), A surdocegueira é uma terminologia adotada mundialmente para se
referir a pessoas que tem perdas visuais e auditivas concomitantes em graus
diferentes, podendo ser:
a) Surdocego total;
b) Surdocego com surdez profunda associada com
resíduo visual;
c) Surdocego com surdez moderada associada com
resíduo visual;
d) Surdocego com surdez moderada ou leve com
cegueira;
e) Surdocego com perdas leves, tanto auditivas
quanto visuais.
A autora destaca ainda que a surdocegueira pode
também ser definida segundo o critério do período em que surge, podendo se
classificar em:
a) Surdocegueira
congênita: quando a criança nasce Surdocega ou adquire a surdocegueira
nos primeiros anos de vida antes da aquisição de uma língua (português ou
Libras – Língua Brasileira de Sinais). Um exemplo mais freqüente destes casos é
a criança com sequelas da síndrome da rubéola congênita.
b) Surdocegueira
adquirida: quando a pessoa ficou surdocega após a aquisição de uma língua, seja
oral ou sinalizada. Os exemplos mais frequentes deste grupo são pessoas com
Síndrome de Usher.
Maia citando afirmações segundo o Grupo Brasil
(2002) este grupo de pessoas pode ser
:
1) Pessoas
nascidas com audição e visão normal e que adquiriram
perdas totais
ou parciais de visão e audição.
2) Pessoas com
perda auditiva ou surdas congênitas com
deficiência
visual adquirida.
3) Pessoas com
perda visual ou cegas congênitas com deficiência
Auditiva
adquirida.
Conceituando Deficiência Múltipla, Ikonomidis
afirma que é a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências
primárias(intelectual/ visual/auditiva/ física), com comprometimentos que
acarretam consequências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade
adaptativas.
O QUE DIFERENCIA
A SURDOCEGUEIRA DA DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA?
De acordo com Maia (2011), a diferença é que a pessoa que nasce
com surdocegueira ou que fica surdocega não recebe as informações sobre o que
está a sua volta de maneira fidedigna,
ela precisa da mediação de comunicação para poder receber, interpretar e
conhecer o que lhe cerca e também seu
conhecimento do mundo se faz pelo uso dos canais sensoriais proximais como:
tato, olfato, paladar, cinestésico, proprioceptivo e vestibular.
Enquanto na
deficiência Múltipla ,mesmo que não haja
garantia que todas as informações muitas vezes cheguem para a pessoa de forma
fidedigna, ela sempre terá o apoio de um dos canais distantes (visão e ou audição)
como ponto de referência e esses dois
canais são responsáveis pela maioria dos conhecimentos que essas pessoas vão
adquirindo ao longo da vida.
NECESSIDADES BÁSICAS DESSES ALUNOS:
Bosco, Mesquita
et e AL, quando tratam de educação numa
perspectiva inclusiva dessas pessoas
apontam a necessidade de estarmos atentos a dois aspectos importantes: a
comunicação e o posicionamento.
Na comunicação as autoras evidenciam que todas as interações de
comunicação e atividades de aprendizagem devem respeitar a individualidade e a
dignidade de cada aluno com deficiência múltipla. Isto se refere a pessoas que
possuem como característica a necessidade de ter alguém que possa mediar seu
contato com o meio. Assim, ocorrerá o estabelecimento de códigos comunicativos
entre o deficiente múltiplo e o receptor. Esse mediador terá a responsabilidade
de ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa, visando a lhe
proporcionar autonomia e independência.
E no posicionamento É
indispensável uma boa adequação postural. Trata-se de colocar o aluno sentado
na cadeira de rodas ou em uma cadeira comum ou, ainda, deitado de maneira confortável
em sala de aula para que possa fazer uso de gestos ou movimentos com os quais
tenham a intenção de comunicar-se e desfrutar das atividades propostas. Não se
pode esquecer, por exemplo, que muitas vezes o campo visual do aluno ou mesmo
sua acuidade visual poderão influenciar os movimentos posturais de sua cabeça,
pois irá tentar buscar o melhor ângulo de visão, aproveitando seu resíduo
visual, inclinando-
a
ou levantando-a. Esses movimentos poderão sugerir que a pessoas não está na
melhor posição. Isso, porém, é um engano, pois na verdade ela pode estar
adequando sua postura.
Também é importante favorecer o
desenvolvimento do esquema corporal da pessoa com surdocegueira ou com
deficiência múltipla é de extrema importância. Isso para que a pessoa possa se
auto perceber e perceber o mundo exterior devemos buscar a sua verticalidade, o
equilíbrio postural, a articulação e a harmonização de seus movimentos; a
autonomia em deslocamentos e movimentos; o aperfeiçoamento das coordenações
viso motora, motora global e fina; e o desenvolvimento da força muscular.
DICAS DE ESTRATEGIAS PARA AQUISIÇÃO DA COMUNICAÇÃO:
- Oferecer constante interação do aluno com o
meio ambiente, estimulando contato com objetos, pessoas, com espaço sinalizado
em diferentes linguagens, estimulando e antecipando as atividades. Para isso
pode-se utilizar diversos sistemas de comunicação:
- Não alfabéticos: expressões
naturais (sorrir, chorar, expressão facial, corporal, movimento corporal,
apontar, enrijecer o corpo, movimentar os olhos, gestos naturais, sinais
personalizados, objetos de referência e gestos contextuais).
-Alfabéticos:
Alfabeto manual tátil, escrita, livro de conversação,
passaporte da comunicação,
Caderno da comunicação, objetos de referência, caixa de antecipação,
sistema de calendários, .pranchas de comunicação, outros.(Maia, Serpa et e al)
REFERÊNCIAS
Bosco, Ismênia Carolina Mota Gomes.A Educação Especial na Perspectiva da
Inclusão Escolar : surdocegueira e deficiência múltipla / Ismênia Carolina
Mota Gomes Bosco, Sandra Regina Stanziani Higino Mesquita, Shirley Rodrigues
Maia. - Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial ;
[Fortaleza]: Universidade Federal do Ceará, 2010.
Ikonomidis,
Vula Maria. Apostila sobre
Deficiência Múltipla Sensorial.
Serpa,
Ximena. Apostila sobre comunicação para
pessoas com surdocegueira