DESAFIOS NA EDUCAÇÃO DAS PESSOAS COM SURDEZ
Maria Margreth Freire Albuquerque
Historicamente as pessoas com surdez têm enfrentado
inúmeros desafios na sua educação, visto que não foram aceitas na sua
diferença. Ao contrário eram concebidas como incapaz, deficiente, não
valorizadas no seu potencial individual e coletivo, excluídas das relações em
seu contexto social, ou seja, sujeitas a uma vida de exclusão.
Vídeo-aula 7: Crianças e jovens
com necessidades especiais na escola – dialética da inclusão/exclusão. Essa
charge permite perceber o ignorar do professor. Disponível em
http://nathiexplorandovalores.blogspot.com.br/2012/07/educacao-especial-inclusiva.html
Portanto
não sendo aceita na sua diferença, eram alvos de embates políticos e
epistemológicos, entre os quais citamos os gestualistas e oralistas. Cada um
defendendo suas concepções, com suas práticas pedagógicas. Sendo assim, para
que as pessoas com surdez tivessem sucesso escolar teriam que aderir a uma das
concepções, ou adotar uma ou outra língua. Sobre isso Damázio e Ferreira (2010,
p.47) refletem:
Enquanto as discussões
ficam centradas na aceitação de uma língua ou de outra, as pessoas com surdez
não tem o seu potencial individual e coletivo desenvolvido, ficam
secundarizadas e descontextualizadas das relações sociais das quais fazem
parte,sendo relegadas a uma condição excludente ou a uma minoria.
E como forma de oportunizar uma
educação menos excludente e mais inclusiva a nova política de educação especial
brasileira numa perspectiva inclusiva para pessoas com deficiência, em especial
para as pessoas com surdez têm avançado no debate quanto a importância de
oferta de um ambiente escolar e práticas pedagógicas que consideram a pessoa
surda na sua totalidade, num sujeito que independente de sua limitação
sensorial auditiva, tem outros aspectos do corpo biológico e mente a serem
valorizados e explorados para um efetivo desenvolvimento de sua aprendizagem
escolar.
Concordamos com
Damázio e Ferreira (2010, p.48) quando afirmam:
que esse ser não é no
todo surdo, mas há uma parte com surdez, que neurobiologicamente, o limita, mas
que, em contrapartida, o possibilita e potencializa ao desenvolvimento dos
processos neurossensorial-perceptivos. Daí, termos certeza de que os processos
perceptivos, linguísticos e cognitivos das pessoas com surdez poderão ser
estimulados e desenvolvidos, tornando-as sujeitos capazes, produtivos e
constituídos de várias linguagens.
Assim, considerando que o foco não dever ser só a sua
deficiência, não podemos esquecer o ser social, a pessoa com surdez com suas
especificidades, identidade e cultura surda, como também saberes, não limitado
ao chamado mundo surdo, mas com possibilidades de interagir e produzir
conhecimentos, desde que se oferte um ambiente escolar estimulador, com
práticas pedagógicas que potencializem suas capacidades perceptivas e
cognitivas, sua linguagem e pensamento.
Contrapondo-se a todas as discussões desnecessárias entre
gestualistas e oralistas, uso de uma língua ou outra, evidenciamos o AEE PS
(Atendimento Educacional Especializado para Pessoas com Surdez) que dentro da
Educação especial, numa perspectiva inclusiva nos aponta caminhos, oferecendo
recursos e serviços, dando suporte ao trabalho da sala comum, com ações que
oportunizam as pessoas com surdez a igualdade de direito de não só estarem
matriculadas na escola comum, mas terem um desenvolvimento e aprendizagem de forma efetiva, possibilitando-a a ter mais
autonomia, independência social, afetiva, cognitiva e linguística, tanto no espaço
escolar ,como fora dele (DAMÁZIO, 2010 ,p.50).
Dessa forma, esse serviço, respeitando a obrigatoriedade
legal, que preconiza o direito dos alunos com surdez a uma educação bilíngue,
desenvolve-se com a Libras e a Língua Portuguesa escrita, ambas sendo
utilizadas como línguas de instrução em todo o decorrer do processo educativo.
Damázio, (2010) defende a importância de observarmos aspectos como construção e
reconstrução de experiências e vivências conceituais, organização de conteúdos
curriculares, o conhecimento, bem como articulação de práticas de AEE e sala
comum, não esquecendo o potencial do aluno. Relata ainda que o AEE PS precisa
ser estruturado em três momentos: AEE em Libras, AEE de Libras e AEE em Língua
Portuguesa, para que dessa forma as barreiras não só de ordem linguística, mas
de práticas pedagógicas ineficientes sejam superadas e não mais continuem a
prejudicarem a inclusão de alunos com surdez em nossos contextos escolares.
REFERÊNCIAS
DAMÁZIO, M. F. M;
FERREIRA, J. Educação Escolar de pessoas com Surdez - Atendimento Educacional
Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, 2010, V. 5, P.
46-57.