Espírito Santo

terça-feira, 11 de março de 2014

DESAFIOS NA EDUCAÇÃO DAS PESSOAS COM SURDEZ



DESAFIOS NA EDUCAÇÃO DAS PESSOAS COM SURDEZ
                                          Maria Margreth Freire Albuquerque

Historicamente as pessoas com surdez têm enfrentado inúmeros desafios na sua educação, visto que não foram aceitas na sua diferença. Ao contrário eram concebidas como incapaz, deficiente, não valorizadas no seu potencial individual e coletivo, excluídas das relações em seu contexto social, ou seja, sujeitas a uma vida de exclusão.

                         



Vídeo-aula 7: Crianças e jovens com necessidades especiais na escola – dialética da inclusão/exclusão. Essa charge permite perceber o ignorar do professor. Disponível                            em
http://nathiexplorandovalores.blogspot.com.br/2012/07/educacao-especial-inclusiva.html

          Portanto não sendo aceita na sua diferença, eram alvos de embates políticos e epistemológicos, entre os quais citamos os gestualistas e oralistas. Cada um defendendo suas concepções, com suas práticas pedagógicas. Sendo assim, para que as pessoas com surdez tivessem sucesso escolar teriam que aderir a uma das concepções, ou adotar uma ou outra língua. Sobre isso Damázio e Ferreira (2010, p.47) refletem:

Enquanto as discussões ficam centradas na aceitação de uma língua ou de outra, as pessoas com surdez não tem o seu potencial individual e coletivo desenvolvido, ficam secundarizadas e descontextualizadas das relações sociais das quais fazem parte,sendo relegadas a uma condição excludente ou a uma minoria.

        E como forma de oportunizar uma educação menos excludente e mais inclusiva a nova política de educação especial brasileira numa perspectiva inclusiva para pessoas com deficiência, em especial para as pessoas com surdez têm avançado no debate quanto a importância de oferta de um ambiente escolar e práticas pedagógicas que consideram a pessoa surda na sua totalidade, num sujeito que independente de sua limitação sensorial auditiva, tem outros aspectos do corpo biológico e mente a serem valorizados e explorados para um efetivo desenvolvimento de sua aprendizagem escolar.
Concordamos com Damázio e Ferreira (2010, p.48) quando afirmam:
                                       

que esse ser não é no todo surdo, mas há uma parte com surdez, que neurobiologicamente, o limita, mas que, em contrapartida, o possibilita e potencializa ao desenvolvimento dos processos neurossensorial-perceptivos. Daí, termos certeza de que os processos perceptivos, linguísticos e cognitivos das pessoas com surdez poderão ser estimulados e desenvolvidos, tornando-as sujeitos capazes, produtivos e constituídos de várias linguagens.

Assim, considerando que o foco não dever ser só a sua deficiência, não podemos esquecer o ser social, a pessoa com surdez com suas especificidades, identidade e cultura surda, como também saberes, não limitado ao chamado mundo surdo, mas com possibilidades de interagir e produzir conhecimentos, desde que se oferte um ambiente escolar estimulador, com práticas pedagógicas que potencializem suas capacidades perceptivas e cognitivas, sua linguagem e pensamento.
Contrapondo-se a todas as discussões desnecessárias entre gestualistas e oralistas, uso de uma língua ou outra, evidenciamos o AEE PS (Atendimento Educacional Especializado para Pessoas com Surdez) que dentro da Educação especial, numa perspectiva inclusiva nos aponta caminhos, oferecendo recursos e serviços, dando suporte ao trabalho da sala comum, com ações que oportunizam as pessoas com surdez a igualdade de direito de não só estarem matriculadas na escola comum, mas terem um desenvolvimento e aprendizagem  de forma efetiva, possibilitando-a a ter mais autonomia, independência social, afetiva, cognitiva e linguística, tanto no espaço escolar ,como fora dele (DAMÁZIO, 2010 ,p.50).
Dessa forma, esse serviço, respeitando a obrigatoriedade legal, que preconiza o direito dos alunos com surdez a uma educação bilíngue, desenvolve-se com a Libras e a Língua Portuguesa escrita, ambas sendo utilizadas como línguas de instrução em todo o decorrer do processo educativo. Damázio, (2010) defende a importância de observarmos aspectos como construção e reconstrução de experiências e vivências conceituais, organização de conteúdos curriculares, o conhecimento, bem como articulação de práticas de AEE e sala comum, não esquecendo o potencial do aluno. Relata ainda que o AEE PS precisa ser estruturado em três momentos: AEE em Libras, AEE de Libras e AEE em Língua Portuguesa, para que dessa forma as barreiras não só de ordem linguística, mas de práticas pedagógicas ineficientes sejam superadas e não mais continuem a prejudicarem a inclusão de alunos com surdez em nossos contextos escolares.
REFERÊNCIAS
DAMÁZIO, M. F. M; FERREIRA, J. Educação Escolar de pessoas com Surdez - Atendimento Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, 2010, V. 5, P. 46-57.